Não é fácil contar a história da camisa da Seleção Brasileira, afinal, nenhuma camisa no planeta é tão vitoriosa quanto ela. Nenhuma camisa é tão respeitada quanto ela. Nenhuma camisa é tão inconfundível como ela. E nenhuma camisa possui cinco títulos mundiais estampados em estrelas douradas como ela.
O verde e amarelo do manto da seleção de futebol do Brasil possui aura e mística próprias, já encantou dezenas de gerações e mostrou ao mundo que o Brasil é mesmo o país que reinventou o esporte criado pelos ingleses. Mas, muito antes de a Seleção Canarinho vestir a camisa amarela, o calção azul e as meias brancas, o Brasil jogou, acredite, quase meio século de camisa branca.
Em 1914, quando oito associações se reuniram para a criação da Federação Brasileira de Sports, o Brasil disputou sua primeira partida da história jogando com um uniforme todo branco e apenas com um friso azul em cada manga. A partida inaugural da equipe foi contra o Exeter City, da Inglaterra, que perdeu por 2 a 0 e só não levou mais porque apelou para as faltas em cima de Friedenreich, Formiga e Oswaldo Gomes, autor do primeiro gol da Seleção.
Em 1916, a FBS deu lugar à CBD (Confederação Brasileira de Desportos), que manteve a base do uniforme da equipe com tópicas mudanças nos anos seguintes, como no Sul-Americano de 1916, quando o Brasil jogou de camisa listrada em verde e amarelo e calção branco, entre 1917 e 1918, quando acrescentou duas faixas centrais em verde e amarelo para partidas contra argentinos e uruguaios, e em 1917, quando o Brasil jogou de vermelho no Campeonato Sul-Americano em partidas contra Uruguai e Chile, que também vestiam o branco. Um sorteio definiu o Brasil como o incumbido de trocar de uniforme para a disputa dos dois jogos.
Em 1918 e 1919, a equipe vestiu uma camisa com detalhes em vermelho e azul em um amistoso contra o Dublin-URU, e o manto aurinegro do Peñarol em um duelo contra a Argentina, respectivamente. Em Copas do Mundo, o Brasil usou camisa branca e calção azul nos mundiais de 1930, 1934 e 1938, além de uma combinação toda azul para a partida de estreia contra a Polônia na Copa de 1938.
Em 1950, o branco saiu de cena definitivamente após a trágica derrota para o Uruguai em pleno Maracanã que decretou o fim do sonho do primeiro título mundial brasileiro em casa. Naquela ocasião, o Brasil jogou todo de branco com frisos em azul. Em 1952, o jornal carioca Correio da Manhã fez um concurso para escolher o novo uniforme do Brasil.
O vencedor foi o gaúcho de 19 anos Aldyr Garcia Schlle, que sugeriu “camisa amarelo-ouro com frisos verdes nas golas e punhos, calção azul-cobalto com uma listra branca ao lado e meias brancas com listras verdes e amarelas”. Pronto. Nascia o manto histórico que mudaria para sempre a trajetória da Seleção Brasileira.
Depois de estrear nos Jogos Olímpicos de 1952, o novo uniforme brasileiro teve seu primeiro grande momento na Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Depois de despachar os rivais pelo caminho, o Brasil chegou à final contra a anfitriã e teria a chance de conquistar o mundo com as cores que realmente eram dignas de sua bandeira. Por ironia do destino, o Brasil jogou de azul aquela final e, mesmo assim, faturou a taça. Nos títulos seguintes, o amarelo foi a cor vitoriosa que transformou o país em pentacampeão mundial.
Nas décadas seguintes, a concepção básica do uniforme brasileiro pouco mudou e apenas os calções brancos interferiram no padrão canarinho. Nos anos 90, aconteceram, talvez, as maiores mudanças com a entrada da Umbro no fornecimento de material esportivo. Hologramas e desenhos compuseram os belíssimos uniformes entre 1991 e 1994, que são tidos por muitos como os mais bonitos da história brasileira.
Com a entrada da Nike, em 1997, as camisas começaram a sofrer invencionices e modelos bizarros surgiram nos anos seguintes, tais como os de 2004 (das “bolas de sinuca”), 2010 (a azul com bolinhas amarelas) e 2011 (a amarela com um enorme e grotesco friso central).
Para a Copa de 2014, a empresa americana apostou em um modelo com gola Y, no entanto a camisa ficou marcada por conta da maior derrota da história da seleção brasileira, o 7-1 contra a Alemanha no Mineirão.
A sua sucessora demorou a aparecer, já que a Nike apresentou um novo uniforme apenas em 2016. Mas a camisa deixou boa impressão entre os torcedores e fez parte da conquista do Ouro inédito nas Olimpíadas do Rio.
Para a Copa do Mundo 2018, a fornecedora norte-americana aposta em um desenho também clássico que se destaca pelas ranhuras na região dos ombros, uma marca registrada da marca para esse Mundial, e a grande torcida é para que o uniforme ajude a seleção a trazer o tão sonhado hexacampeonato mundial.
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Gostou da história da camisa da seleção brasileira? Este é mais um texto escrito por Guilherme Diniz do blog Imortais do Futebol. Gostou ou gostaria de ver a história de algum clube em específico? Deixe sua opinião no comentário.