Por Marco Tucci
71 anos nas costas. 16 deles atuando pelo Palmeiras. Foram 901 jogos e 153 gols pelo Verdão, o jogador que mais vestiu a camisa do clube. Simplesmente “Divino”, o eterno camisa 10. Este é Ademir da Guia, homem de fala mansa e um gênio da bola, que falou com exclusividade ao Mantos do Futebol.
Para ele, a mística da camisa 10 não tem o mesmo valor que antigamente. “A camisa 10 foi marcada por craques, mas isso passou. Antes os titulares jogavam de 1 a 11, hoje não. A mística da camisa 10 não acabou, mas não é a mesma coisa de antigamente”.
Apesar de ter passado por dois clubes durante carreira – Palmeiras e Bangu -, além de representar a seleção brasileira em 12 jogos, Ademir fez um revelação curiosa aos amantes por futebol: ele não tem nenhum manto guardado dentro de seu armário. E explica: “Não consegui guardar camisas, algumas eu doei para instituições de caridade. Na minha época não tinha muito essa coisa de trocar de camiseta, tinha que jogar e trazer a camiseta lavada, não tinha uma grande quantidade, com o tempo foi melhorando…”.
Apesar da carreira vitoriosa, Ademir revelou qual foi a sua grande decepção na vida futebolística. “Fiz parte do grupo que disputou a Copa do Mundo de 1974, mas não consegui jogar uma Copa, faltou jogar. Não tive muitas oportunidades, pois tinha muitos craques na minha época”, lamentou.
Mas os momentos de glória superaram os de tristeza. Carioca, ele agradece ao Bangu por abrir as portas para que ele pudesse brilhar nos gramados. Mas e o seu melhor momento em campo, qual foi? Ah, este o torcedor palmeirense não esquece. E muito menos o corintiano.
“O momento mais marcante foi a final do Campeonato Paulista de 1974 contra o Corinthians, deixamos eles mais um ano na fila, foram 20 anos, eles não foram campeões”, concluiu Ademir.
Veja na integra nossa entrevista com Ademir da Guia:
Mantos do Futebol – Ademir, qual foi a camisa do Palmeiras que marcou a sua história no clube?
Ademir da Guia – Um momento que me marcou muito, foi a final de 1974 com o Corinthians, deixamos eles mais um ano na fila, 20 anos, eles não foram campeões. E no mesmo ano minha passagem pela Copa do Mundo, também foi muito marcante.
MDF – Você tem guardada a camisa desse jogo ou de algum outro momento marcante?
ADG – Não consegui guardar camisas, eu doei muitas, para instituições de caridade. Não tinha muito essa coisa de trocar de camiseta, tinha que jogar e trazer a camiseta lavada, não tinha uma grande quantidade, depois foi melhorando.
MDF – Qual é o seu maior ídolo no futebol?
ADG – Pelé foi o maior. Hoje é o Neymar… E o Messi também.
MDF – Qual foi a sua grande alegria e a sua maior frustração na carreira?
ADG – Foram muitas alegrias na minha carreira, as vitórias, campeonatos, participar de uma Copa do Mundo, conhecer o Brasil todo, Estados Unidos, Europa. Jogar no Palmeiras por 16 anos, uma vida de alegria. A decepção… Não foi uma decepção, mas não consegui jogar uma Copa do Mundo, faltou jogar. Não tive muitas oportunidades, pois tinha muito craque naquela época.
MDF – O quanto foi especial ter vestido a camisa do Bangu assim como seu pai?
ADG – Nós nascemos lá (eu e meu pai), morei lá até meus 19 anos, e o Bangu me deu essa oportunidade. Se o clube não tivesse me vendido para o Palmeiras nada teria acontecido. Sou muito grato por isso.
MDF – Você foi um dos maiores camisas 10 do futebol brasileiro, esse é um número realmente diferente?
ADG – A camisa 10 foi marcada por craques, mas isso passou. Antes os titulares jogavam de 1 a 11, hoje não. A mística da camisa 10 não acabou, mas ‘abaixou’, não é a mesma coisa de antigamente.
MDF – Falando em 10, hoje o Neymar é o nosso 10, ele vai segurar essa pressão?
ADG – Neymar vai ter essa oportunidade, acho que ele vai se sair bem e conseguir segurar a pressão.
MDF – Em todas as Copas do Mundo que o Brasil venceu, existia um jogador do Palmeiras no elenco. Esse ano não deverá ter ninguém, o que pensa sobre isso?
ADG – É importante alguém (palmeirense) ser lembrado. Já estão falando dele (Alan Kardec), ele está fazendo muitos gols, já é muito bom, o Felipão poderia olhar para ele com mais carinho.
MDF – Como você vê o time atual do Palmeiras?
ADG – Kleina precisa definir os titulares para o Brasileirão. Ele já tem um centroavante, que é o Alan Kardec, um goleiro, Fernando Prass e o meia que é o Valdívia. O Paulista vai dar um tempo para o treinador tirar suas próprias conclusões. Até agora o que esperavam dele, ele fez.
MDF – A Arena Palestra ficará pronta este ano, você gostaria de jogar lá?
ADG – Jogar um amistoso na Arena seria muito bom, um orgulho muito grande. Se eu tiver condição de voltar a vibrar na Arena será algo espetacular, bater uma bolinha lá vai ser muito bom.
Marco Tucci é jornalista e colaborador do Mantos do Futebol.
Gostaram da entrevista com Ademir da Guia, o Divino?