Atualizada em 11 de maio de 2020 – Na Copa do Mundo de 1982, ocorreu uma das mais insólitas histórias envolvendo camisas de futebol em Mundiais, tudo por conta de um jeitinho dado pela CBF para estampar o patrocínio do IBC (Instituto Brasileiro do Café) na camisa da Seleção Brasileira, durante o torneio na Espanha.
Aquela Copa seria a primeira da CBF, que tinha sido criada em setembro de 1979, após ser desmembrada da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), e ficou marcada pelo time que se tornou símbolo do futebol-arte. Talvez toda magia em torno do futebol apresentado pela seleção comandada por Telê Santana, que tinha Zico, Sócrates, Junior , Falcão e companhia, faça com que muitos não lembrem do polêmico caso do raminho de café, que marcou aquele uniforme e até hoje é replicado em camisas retrô que fazem alusão àquele inesquecível esquadrão.
O primeiro escudo da CBF era bem parecido com o da CBD, com a mudança apenas da última letra da sigla e traz um estilo bem parecido com o que a Confederação Brasileira de Futebol utiliza atualmente com o fundo azul, linhas verdes amarelas e uma cruz pátea branca à frente.
No entanto, em 1982 esse escudo foi alterado e a taça da Jules Rimet foi colocada em destaque, com o fundo azul e a sigla CBF acima. No entanto, a primeira versão desse escudo traz um círculo branco ao lado direito da taça com um desenho que para muitos é indecifrável, mas representa um raminho de café. Este é o símbolo do IBC, que foi aplicado de forma bem discreta no escudo e burlou regra da FIFA que proibia patrocínios em camisas de seleções.
Para quem não sabe, o Instituto Brasileiro do Café (IBC) era uma importante estatal do Brasil, já que o café era um dos principais produtos de exportação do país, e especula-se que o valor investido na parceria com a CBF era bastante gordo para a época, cerca de US$ 3 milhões.
O acordo de patrocínio com o time canarinho no entanto, não era novidade, já que bem antes da mudança repentina no escudo da seleção, diversos anúncios estrelados pelos craques daquele escrete já vinham sendo veiculados nos principais jornais do país com os dizeres: “Café e futebol sempre se deram bem. Agora estão mais juntos do que nunca”. Além disso, a aplicação do raminho, antes de ir parar no escudo, vinha sendo feita no lugar destinado à fornecedora, e há quem diga que o presidente da CBF na época, Giulite Coutinho, chegou a pedir para o presidente da FIFA, João Havelange, que o mesmo fosse permitido na Copa. No entanto, o pedido teria sido negado, com a justificativa de que uma liberação destas deveria valer para todos e era apenas o Brasil que tinha um patrocínio do tipo.
Mas era muito dinheiro em jogo e o patrocínio da IBC teria que aparecer de alguma forma, foi aí que Coutinho teve a ideia de pedir para que a Topper alterasse o escudo da Seleção, incorporando o mesmo dentro do escudo, jeitinho este que acabou passando, já que na época a FIFA não fazia inspeções prévias tão rígidas nos materiais que seriam usados pelas equipes, como é feito hoje em dia.
A seleção jogou toda a Copa com camisas que traziam o raminho dentro do escudo, e apesar do belo futebol praticado pela equipe, o triste final todos já sabem.
A parceria com o IBC ainda vigorou por mais alguns anos, mas após o episódio no Mundial da Espanha, a FIFA alertou a CBF, que nenhum tipo de ação daquele tipo seria tolerado, desta forma o escudo Jules Rimet foi aplicado sem o logo da estatal. O mesmo escudo ainda participaria de outra Copa do Mundo, em 1990, sendo depois então aposentado em 1991 para o retorno do escudo com a cruz pátea que é usado até hoje, tendo sido modernizado pela última vez em 2019.
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