Hoje no nosso quadro #ThrowbackThursday, trazemos a história da camisa branca do Brasil utilizada pela nossa seleção nas primeiras Copas do Mundo.
Muita gente acha que o Brasil sempre utilizou o uniforme que vemos hoje, com camisa canarinho, calção azul e meiões brancos, mas esse uniforme, que talvez seja o mais famoso e pesado do mundo, só foi criado em 1954, ou seja, por muitos anos, a Seleção Brasileira utilizou uniformes brancos.
1914-19 – Primeiras camisas e primeiro título
O Brasil entrou em campo pela primeira vez em sua história no dia 21 de julho de 1914 com uma camisa bem simples, na cor branca, com faixas azuis nas mangas. A gola seguia um padrão da época, com um tamanho avantajado e cordas. Na partida inaugural, a equipe venceu o Exeter City da Inglaterra por 2 a 0 no estádio das Laranjeiras.
Esta camisa, ainda mais simples, toda branca, marcou a primeira aparição do escudo da então CBD (Confederação Brasileira de Desportos).
Este manto foi utilizado apenas uma vez, num amistoso contra o Dublin FC, do Uruguai, em General Severiano, no Rio de Janeiro. A equipe acabou derrotada por 1 a 0. O manto era uma releitura da primeira camisa da Seleção, com a adição de faixas vermelhas junto das azuis nas mangas.
Este uniforme foi utilizado por 10 anos pela Seleção e marcou o primeiro título da Seleção Brasileira, o da Copa América de 1919. Ele tinha a cor branca como predominante, com os punhos, gola pólo e cordas na cor azul.
1930-34 – O Brasil mostra sua cara ao mundo
Começamos na Copa de 1930. A 1ª Copa do Mundo da história, disputada no Uruguai, já chamava a atenção do planeta e 13 países disputavam o maior título do mundo.
Nossa seleção caiu no Grupo 2, com Iugoslávia e Bolívia. Na 1ª partida da Seleção Brasileira em Copas, derrota para a Iugoslávia por 2×1, gols de Trnanic e Bek para o país europeu e Preguinho, para o Brasil. Já contra a Bolívia, vitória tranquila por 4×0, com 2 gols de Preguinho e 2 de Moderato. O Brasil foi eliminado.
Veja também:
[+] Camisa da Bolívia na Copa de 1930
[+] Camisa preta da Itália Copa 1938
Quatro anos depois, a Copa do Mundo foi na Itália e o Brasil faria sua menor participação em Copas. Apenas 1 jogo e derrota para a Espanha por 3×1, com 2 gols de Iraragorri e 1 de Lángara para os espanhóis. Leônidas da Silva descontou para o Brasil. O Brasil terminou na 14ª colocação, de 16 seleções.
O uniforme do Brasil foi praticamente o mesmo nas duas Copas.
Em 1930, a camiseta branca possuía gola pólo e os punhos na cor azul. A camiseta ainda tinha cordões no peito, na cor branca. O calção era azul e os meiões pretos. Em 1934, a mudança esteve apenas no cordão da camiseta, que ficou mais trabalhado.
1938 – A 1ª medalha do Brasil! Leônidas, o 1º ídolo!
Em 1938, a Seleção Brasileira foi até a França para disputar a Copa do Mundo e saiu de lá com o melhor resultado de sua história até então.
O regulamento era parecido com o de 1934, com jogos em mata mata direto. Nas Oitavas de Final, a Seleção Brasileira venceu a Seleção Polonesa em um dos melhores jogos de todas as Copas. Após os 90 minutos, o placar apontou 6×5 para nossa seleção. Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”, marcou 3 e completaram para o Brasil Perácio, com 2 gols e Romeu. Para a Polônia, Wilimowski marcou 4 gols e Scherfke marcou completou.
Um fato curioso dessa partida é de que a Seleção Brasileira e a Seleção Polonesa utilizavam uniformes brancos. Na hora do sorteio para ver quem precisaria utilizar uniformes de outra cor, o Brasil foi sorteado e correu contra o tempo para conseguir camisetas na cor azul. Foi a 1ª vez que a Seleção Brasileira utilizou uniformes na cor azul em sua história. A camisa possuía uma tonalidade mais clara que a do calção e não tinha o escudo da CBD, por falta de tempo hábil.
Após o embate contra os poloneses, foi a vez de enfrentar a Tchecoslovaquia pelas quartas de final. Na partida, empate em 1×1, com gol de Leônidas para o Brasil e Nejedlý para os tchecos. O regulamento previa uma nova partida, dois dias depois.
No “jogo de volta” deu Brasil. 2×1, com gols de Leônidas e Roberto para a Seleção Brasileira e Kopecký para a Tchecoslovaquia.
Nestas duas partidas, a seleção voltou a utilizar seu tradicional uniforme branco com calção azul e meiões pretos, uniforme que utilizaria até o fim do torneio.
Na semi final, foi a vez de enfrentar a então campeã Itália. Havia a expectativa de que os italianos usassem o uniforme preto, utilizado contra a França, mas acabou utilizando seu tradicional uniforme azul e branco.
No jogo, o Brasil foi muito bem, mas não pôde com o poderio ofensivo da melhor seleção da década. 2×1, com gols de Colaussi e Giuseppe Meazza (Sim, o homenageado no estádio da Inter de Milão) para os campeões e Romeu para o Brasil.
Com a derrota, o Brasil foi disputar o 3º lugar contra a Seleção da Suécia e venceu por 4×2, 2 gols de Leônidas, e 1 Romeu e Perácio. Jonasson e Nyberg marcaram para os europeus.
No fim da Copa, Leônidas da Silva foi o artilheiro, com 8 gols e o melhor jogador da competição.
1950 – Maracanazo! Adeus camisas brancas!
Em 1950 o Brasil recebeu pela primeira vez a Copa do Mundo. A primeira Copa depois da 2ª Guerra Mundial teve o desfalque de alguns países, como a Alemanha, que ainda se recuperavam do embate mundial.
A Copa trouxe pela primeira vez a numeração nas camisas em Copas do Mundo.
Nessa Copa a Seleção Brasileira trouxe modificações em seu uniforme titular. Passou a utilizar calção e meiões brancos com titular, substituindo o calção azul e os meiões negros, utilizados nas Copas anteriores.
O Brasil, dono da casa caiu no Grupo 1, com Iugoslávia, Suíça e México.
Na primeira partida, vitória de 4×0 sobre os mexicanos, com 2 gols de Ademir, 1 de Jair e 1 de Baltazar, o cabecinha de ouro.
Quatro dias depois, empate diante da Suíça, 2×2, com gols de Alfredo e Baltazar para o Brasil e Fatton, duas vezes para os suíços. Nessa partida, a Seleção Brasileira utilizou calção azul, para se diferenciar dos calções brancos dos europeus.
Para terminar a fase de grupos, o Brasil, de volta com os calções brancos, venceu a Iugoslávia por 2×0, gols de Ademir e Zizinho. O Brasil se classificou em 1º no Grupo.
O regulamento previa que as 4 melhores seleções se enfrentassem em um quadrangular final para decidir o título mundial. No Grupo final estavam Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai.
Na primeira partida, uma goleada histórica de 7×1 sobre a Suécia. Foram 4 gols de Ademir, 2 de Chico e 1 de Maneca. Andersson descontou.
Contra a Espanha, nova goleada, dessa vez por 6×1. 2 gols de Chico e de Ademir, 1 de Jair e Zizinho. O gol da Espanha foi marcado por Silvestre.
Com as goleadas, o Brasil ficou a um empate do 1º título mundial de sua história. Era só 1 pontinho contra o Uruguai no Maracanã lotado e o Brasil se sagraria campeão. Tudo começou bem, com o gol de Friaça. Schiaffino empatou e no final, Ghiggia, o carrasco brasileiro, marcou o gol que daria o título aos uruguaios. O Brasil perdia o título em casa, no templo do futebol e via estampado nos principais jornais do mundo a palavra “Maracanazo”.
Como consolo, o Brasil viu Ademir de Menezes ser o artilheiro com 9 gols e Zizinho o melhor jogador do torneio.
Após a derrota, a mídia e o povo brasileiro colocaram a culpa em duas coisas totalmente diferentes:
Primeiro foi no goleiro Barbosa, que sofreu com a injusta culpa durante todo o resto de sua vida. Segundo foi no uniforme branco, que passou a ser tratado como “azarado” e foi aposentado oficialmente em 1952, dando lugar ao uniforme canarinho, na Copa de 1954.
Leônidas, Ademir e Zizinho – Os craques da camisa branca
Como a camisa branca foi utilizada em 4 Copas do Mundo, nada mais justo que homenagear os diferentes craques que a vestiram e desfilaram seu belíssimo futebol pelos gramados de Uruguai, Itália, França e Brasil.
Leônidas da Silva, também conhecido apenas como Leônidas, (Rio de Janeiro, 6 de Setembro de 1913 — Cotia, 24 de Janeiro de 2004) era conhecido também como “Homem-Borracha” ou “Diamante Negro”, e é considerado um dos mais importantes atacantes do futebol brasileiro na primeira metade do século XX.
Leônidas começou a jogar ainda muito novo pelo São Cristóvão, clube do seu bairro. Na década de 1930, profissionalizou-se pelo Bonsucesso e teve passagens de destaque pelo Vasco, Botafogo e Flamengo. Nos três times conquistou títulos cariocas. Defendeu ainda o São Paulo, onde seria campeão paulista em cinco ocasiões.
Pela Seleção Brasileira, atuou nas Copas de 1934 e 1938, tendo marcado 9 gols (1 em 1934 e 8 em 1938) na história do torneio. É um dos maiores artilheiros da história da seleção canarinha, com 37 gols em 37 partidas disputadas.
Ficou conhecido como o inventor da bicicleta, em partida no dia 24 de Abril de 1932, em que seu time na época, o Bonsucesso, enfrentou o Carioca.
Ademir Marques de Menezes (Recife, 8 de Novembro de 1922 — Rio de Janeiro, 11 de Maio de 1996) tinha o apelido de “Queixada” e o motivo vocês podem ver na foto cima. Ademir foi revelado pelo Sport Recife, e para muitos é o maior jogador da história do clube. Mas foi no Vasco que Ademir Queixada atingiu seu auge. Lá, ele foi eleito o melhor jogador do clube nas temporadas 1949, 1950, 1951 e 1952. Foram 301 gols em 429 jogos pelo cruz maltino e para muitos, o melhor da história vascaína.
Pela seleção brasileira, foi campeão sul-americano em 1949 e artilheiro da Copa do Mundo de 1950, com 9 gols. É também, junto com outros atletas, o terceiro maior artilheiro da Copa América, com 13 gols marcados. No total, foram 35 gols em 41 jogos pela Seleção Brasileira.
Tomás Soares da Silva, mais conhecido como Zizinho (São Gonçalo, 14 de Setembro de 1921 — Niterói, 8 de Fevereiro de 2002), é um dos maiores jogadores da história do futebol mundial. Começou nas divisões de base do Byron, de Niterói e foi revelado, jogando entre 1939 a 1950, no Flamengo, clube no qual ganhou o tricampeonato estadual em 1942, 1943 e 1944, além do Campeonato Carioca de 1939. Zizinho saiu do Flamengo com 329 jogos e 146 gols e considerado o maior ídolo do clube até a aparição de Zico.
Zizinho também atuou pelo Bangu, clube que defendeu de 1950 a 1957. Ele deixou o Bangu como maior jogador da historia do clube. Ele é o 5º maior artilheiro da historia do clube, com 122 gols, e o maior artilheiro em uma só partida com 5 gols. Zizinho ainda conseguiu 2 vice-campeonatos cariocas pelo Bangu, 1 como jogador em 1951 e outro como técnico em 1965. Ele terminou o Campeonato Carioca de 1952 como artilheiro e venceu 2 Torneios inicio do Rio de Janeiro e o Torneio inicio do Rio-São Paulo.
Zizinho também foi ídolo no São Paulo, onde disputou 60 jogos e marcou 24 gols.
Ele atuou na seleção de 1942 a 1957. Foram 54 jogos pela Seleção Principal, com 37 vitórias, 4 empates e 13 derrotas, marcando 30 gols. Na Copa de 1950, foi considerado o melhor jogador.
Dizem que Zizinho foi o ídolo de Pelé em sua infância e que o maior de todos os tempos se tornou jogador inspirando-se no craque da Copa de 1950.
2004 e 2019 – A volta da camisa branca
A Seleção Brasileira voltou a utilizar uniformes brancos em um amistoso disputado no dia 19 de Maio de 2004 contra a França. O amistoso marcava as comemorações dos 100 anos da FIFA e reuniu as duas últimas seleções campeãs do mundo até então no Stade de France, palco da final de 1998. O placar foi 0x0.
A Seleção Brasileira entrou em campo com uniformes réplicas de 1914, os primeiros da história da Seleção, com gola pólo branca e faixas azul nas mangas. Os calções brancos e meiões azul completavam o uniforme produzido pela Nike. Foi a última vez que o Brasil utilizou camisas brancas.
E em 2019, para a disputa da Copa América, a Nike lançou um uniforme especial, baseado naquele utilizado em 1919, no primeiro título da história da Seleção. Ele tem a cor branca como predominante, com a gola pólo e punhos na cor azul, calção em azul royal e meiões na cor azul marinho. Não se sabe, no entanto, se ele continuará a ser utilizado após a competição.
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