A Adidas lançou camisas para suas seleções para a Copa do Mundo, com inspiração em modelos utilizados no passado. Entre elas, está o modelo lançado para a Rússia, que irá para sua quarta Copa do Mundo após a dissolução da União Soviética, a segunda seguida, e é a dona da casa.
O manto para 2018 é inspirado naquele utilizado pela União Soviética nas Olimpíadas de 1988, uma camisa que ficou marcada na história da seleção.
União Soviética nas Olimpíadas de 1988
O futebol nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, contou com 16 seleções sub-23, divididas em quatro grupos de quatro, dos quais se classificavam duas para as quartas de final.
A União Soviética caiu no Grupo C, junto de Argentina, Coreia do Sul, dona da casa, e Estados Unidos. Na estreia, os soviéticos encararam logo os sul-coreanos, acostumados com o fuso horário e clima da cidade. Após um jogo truncado e fraco tecnicamente, o placar não foi movimentado, terminando em 0x0.
O segundo jogo colocaria frente a frente a URSS e a Argentina, considerada favorita no duelo. Mas o que se viu foi a superioridade dos europeus, que abriram 2×0 ainda no primeiro tempo, gols de Dobrovolskiy, aos 07, e Mikhaylichenko, aos 22. A Argentina só conseguiu diminuir aos 32 do segundo tempo, com gol de pênalti de Alfaro.
A União Soviética chegara à última rodada precisando apenas de um empate com os Estados Unidos para se classificar em primeiro no grupo. O duelo era considerado de risco por reunir os dois países que viviam em atrito na Guerra Fria, no auge da corrida armamentista àquela época, o que causou um clima de tensão pré-jogo.
Mas, aparentemente, os soviéticos não sentiram a pressão e promoveram um verdadeiro massacre, abrindo 3×0 ainda no primeiro tempo, com gols de Mikhaylichenko, aos 07, Narbekovas, aos 19, e Dobrovolskiy, aos 45. Na volta para o segundo tempo, aos 03, Mikhaylichenko, de pênalti, aumentou para 4×0, placar que só foi movimento novamente dali 17 minutos, quando Goulet diminuiu para 4×1. Doyle ainda marcou o segundo aos 40, dando números finais ao jogo e classificando os soviéticos em primeiro.
Nas quartas de final, foi hora de encarar os australianos, que haviam eliminado Nigéria e Iugoslávia na primeira fase. Apesar do medo de zebra antes do jogo, e de um primeiro tempo difícil, a partida acabou tranquila, com Dobrovolskiy marcando duas vezes, em duas cobranças de pênalti, aos 05 e aos 09 do segundo tempo, e Mikhaylichenko fechando o placar aos 17.
A União Soviética encarou a Itália nas semi finais e tomou um susto quando Virdis, aos 05 minutos do segundo tempo, abriu o placar. Mas o iluminado Dobrovolskiy empatou aos 33, dando o placar final de 1×1 e levando o jogo para a prorrogação. A partir daí, o que se viu foi um domínio soviético, que se consumou com gols de Narbekovas, logo aos 02 minutos, e Mikhaylichenko, com 01 minuto do segundo tempo. Carnevale diminuiu apenas aos 13. A União Soviética estava na final.
A grande final do futebol reuniu os soviéticos e a Seleção Brasileira, que chegara após vitória nos pênaltis contra a Alemanha nas semi finais e era a atual vice-campeã. O jogo era considerado como de um nível equilibrado, com leve favoritismo para o Brasil, que tinha Romário, artilheiro daquelas Olimpíadas, além de outros nomes, como Bebeto, Neto, Careca, Ricardo Gomes e Taffarel.
E o jogo correspondeu as expectativas iniciais, bem pegado, com muita disputa pela bola. Também se concretizou o medo dos soviéticos de Romário, que abriu o placar aos 29 minutos. Mas a União Soviética tinha um jogador extremamente iluminado e decisivo: Igor Dobrovolskiy. O atacante foi o responsável por empatar, de pênalti, a partida, aos 15 do segundo tempo. A partida acabou indo para a prorrogação novamente e acabou tendo um herói até então improvável: Yuri Savichev. Aos 13 minutos do primeiro tempo, foi batido um tiro de meta longo e, após a famosa “casquinha” no meio de campo, o atacante deixou Ricardo Gomes para trás e tocou por cima de Taffarel, matando o jogo.
Foi o último título da União Soviética antes da dissolução, em 1991.
A camisa da União Soviética 1988
O manto da União Soviética naquela edição dos Jogos Olímpicos trazia o tradicional vermelho como predominante e possuía faixas brancas que cortavam horizontalmente as mangas, chegando até o corpo. As três listras da marca alemã eram dispostas nos ombros, também na cor branca, mesma cor da gola. O curioso é que nas Olimpíadas a seleção jogou com gola V, mas alguns modelos da época traziam a gola em formato pólo.
A Adidas estampava uma versão branca de sua logomarca no lado direito do peito, enquanto o escudo da Federação Soviética era colocado no lado esquerdo, em sua versão padrão na época. A tradicional logo “CCCP” (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) era estampada em branco no centro da camisa.
Completavam o uniforme, calção branco e meiões vermelhos.
A camisa da Rússia 2018
O manto da Rússia para a Copa do Mundo 2018 talvez seja a que mais se assemelha à sua inspiração. Ela é praticamente igual ao modelo de 29 anos atrás, tendo como principais diferenças apenas as novas tecnologias. Fora isso, mudou-se também a logomarca da Adidas, o escudo da Federação Russa e a retirada da sigla CCCP.
Completam o uniforme, calção branco e meiões vermelhos, com detalhes em azul e branco.
O craque: Igor Dobrovolskiy
Igor Ivanovich Dobrovolskiy é um ex-atacante nascido em Markovo, na antiga União Soviética, e atual território da Rússia. O camisa 10 daquela Seleção Soviética foi o grande destaque ao ser o artilheiro do selecionado, com seis gols, e vice artilheiro dos Jogos Olímpicos, um gol atrás de Romário. O jogador só não marcou na estreia, contra a Coreia do Sul.
Naquela época, Dobrovolskiy já atuava pelo Dínamo de Moscou, clube no qual fez o maior sucesso em sua carreira. Foram 124 jogos e 27 gols entre 1986 e 1990, ano no qual foi eleito jogador soviético do ano, e mais 31 jogos e nove gols na temporada 1993-1994.
Durante sua carreira pro clubes, Dobrovolskiy não obteve um sucesso estrondoso, tendo girado por muitas equipes da Europa. Mas acabou ficando marcado pro fazer parte da equipe do Olympique de Marseille campeã da UEFA Champions League em 1992-1993. Atuou também por Castellón, da Espanha (1990-1991), Servette, da Suíça (1991-1992), Genoa, da Itália (1992), Atlético de Madrid (1994-1995), Fortuna Dusseldorf, da Alemanha (1996-1999) e Tiligul Tiraspol da Moldávia (2004-2006).
Dobrovolskiy atuou pro três seleções diferentes. Pela União Soviética, atuou em 25 partidas, de 1986 a 1991, quando houve a dissolução, e marcou sete gols (não contando os Jogos Olímpicos). Pela seleção principal, atuou na Copa do Mundo de 1990.
O jogador também foi o camisa 10 da CIS (Estados Independentes da Commonwealth), uma seleção que foi formada por atletas das antigas repúblicas soviéticas em 1992 para a disputa da Eurocopa 1992, tendo disputado por ela quatro jogos e marcado um gol.
Pela Rússia, foram 18 jogos e apenas dois gols, tendo disputado a Eurocopa de 1996.
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