A fé e o futebol andam juntos. Quantos exemplos temos pelo mundo de equipes, treinadores e jogadores devotos a um santo, ou então das orações antes dos jogos, feitas em voz alta, para pedir iluminação. Ou, até mesmo, a camisa azul do Brasil, criada com inspiração no manto de Nossa Senhora Aparecida. Mas, talvez, nenhum santo seja tão lembrado por todo o planeta como São Jorge, o chamado “santo guerreiro”, que tem seu dia comemorado em 23 de abril.
Para quem não sabe, São Jorge, ou Jorge da Capadócia, foi, conforme a tradição, um soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. Na hagiografia, São Jorge é um dos santos mais venerados no catolicismo, tanto na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa como também na Comunhão Anglicana. É imortalizado na lenda em que mata o dragão. É também um dos Catorze santos auxiliares.
A Cruz de São Jorge
O maior símbolo referente ao santo guerreiro é uma cruz vermelha (“goles”), firmada (que vai até as bordas do escudo ou da bandeira), sobre fundo branco (prata). Ela está presente, por exemplo, nas bandeiras da Inglaterra e da região de Gênova, na Itália, regiões das quais é padroeiro, na bandeira do antigo Ducado de Milão e no brasão de armas da atual cidade italiana, além da bandeira da cidade de Barcelona, e em muitos outros lugares.
No futebol
Com os exemplos acima já deu para sacar quais os principais representantes futebolísticos do legado de São Jorge na Europa, certo? A começar pela própria Seleção Inglesa, que utiliza a cruz em seus uniformes constantemente, como no uniforme reserva da Copa de 2018.
O Barcelona, apesar de não lançar uniformes com referência ao santo, traz a cruz no seu escudo, ao lado da “Senyera”, algo inspirado na bandeira da cidade homônima.
A Internazionale de Milão é uma das equipes que mais homenageia o santo em seus uniformes. Na camisa do centenário, lançada na temporada 2007-2008, e que fez um sucesso enorme, a cruz de São Jorge foi colocada no fundo branco.
Este manto foi inspirado nas camisas utilizadas entre 1928 e 1945, quando a Inter foi obrigada a se fundir com outro clube, no período de guerra, que deu origem à Società Sportiva Ambrosiana e era uma reprodução da bandeira de Milão. Em 2014-2015 e 2018-2019, outros mantos da equipe traziam novamente a cruz.
O Milan, por sua vez, nunca utilizou uma camisa com a cruz, mas a traz em seu escudo, representando a bandeira da cidade também. Em algumas temporadas, o clube chegou a estampar o brasão com a cruz de São Jorge no peito, no lugar do escudo.
Na cidade de Gênova acontece o mesmo. O Genoa traz a cruz em seu escudo, dentro da bandeira da cidade, e já lançou algumas camisas com a mesma, como a terceira camisa da atual temporada.
A Sampdoria não costuma trazer camisas especiais com a cruz ou com referências claras ao santo, nem possui nada no escudo que lembre, mas, em todos os uniformes, estampa, dentro das tradicionais faixas horizontais, o brasão com a cruz em seu interior.
Padroeiro do Corinthians
A maior ligação de São Jorge talvez seja com o Corinthians, que já o adotou como seu padroeiro e constantemente lembra da devoção da Fiel Torcida em ações e produtos, como camisetas licenciadas. O primeiro estádio da equipe, Alfredo Schürig, é mais conhecido como Parque São Jorge, fica localizado no bairro de mesmo nome, na rua São Jorge, e possui uma capela própria para o santo. São muitas histórias que falam da origem dessa ligação.
Alguns dizem que a devoção também foi herança do Corinthian Football Club, da Inglaterra, que tinha o santo como padroeiro, outros que a ligação foi feita devido à alcunha de “Time de Guerreiros”, e outros pela localização do estádio, mas a “imortalização” da devoção por parte da Fiel Torcida se deu mesmo em 1974, no ápice dos 22 anos sem títulos, e logo após o Campeonato Paulista de 1974, em que o Timão foi derrotado pelo Palmeiras na final, quando Paulinho Nogueira e Toquinho gravaram “Ai Corinthians”, que trazia nos versos da composição uma citação ao padroeiro São Jorge: “…Oh, são 20 anos de espera. Mas meu São Jorge me dê forças, para poder um dia enfim, descontar meu sofrimento em quem riu de mim”.
Como dito acima, diversos foram os produtos lançados pelo Corinthians com referência à São Jorge. Na loja do clube, atualmente, estão a venda alguns modelos. Mas, além disso, três camisas de jogo foram lançadas com referência ao santo guerreiro: a terceira de 2010, a terceira de 2011, que destacamos abaixo, e a titular de 2017.
A primeira foi lançada no ano do centenário do clube e trazia a cor preta de fundo com uma cruz estilizada na cor roxa (em referência ao “corinthiano roxo”), com contorno dourado. A Nike, criadora da camisa, fez uma grande campanha de marketing, utilizando a imagem do santo, com o mote “espírito guerreiro”. Apesar disso, muita gente não considera a cruz como sendo a de São Jorge devido às cores diferentes do branco e vermelho.
Já a camisa titular de 2017 trazia o tradicional branco com uma faixa vertical centralizada, na cor preta, com uma ponta, em referência à espada de São Jorge. Coincidência, ou não, o time, que era considerado fraco no começo do Brasileirão, foi o campeão “na raça e vontade”. A campanha trazia a figura clássica do santo, junto da expressão “Fé Alvinegra”.
Para 2020, o terceiro uniforme da equipe traz novamente a cruz, desta vez azul claro, em homenagem ao Corinthian-Casuals, como parte das comemorações dos 110 anos do clube paulista.
2011: a “premiada” camisa grená
Deixamos para falar deste manto em especial por tudo que ele representou à época. Em 2011, quando também foi campeão brasileiro, o Corinthians fez uma homenagem ao Torino, lançando uma terceira camisa na cor grená após anos com camisas roxas, em referência ao ano de 1949, quando o clube paulista utilizou a camisa do time italiano para fazer um tributo ao elenco morto em adicente aéreo.
Além da homenagem aos grenás, o Timão também estampou, em preto, a figura de São Jorge, estilizada, no lado direito do peito, sendo, talvez, a primeira equipe a representá-lo com sua imagem e não a cruz. A camisa caiu nas graças da torcida e da imprensa.
Poucos meses após o lançamento, a mesma foi eleita pelo site inglês Subside Sports a “camisa mais bonita do mundo em 2011”, vencendo o River Plate e o Borussia Dortmund na final. Até hoje é uma das favoritas da torcida e recentemente ganhou uma nova versão, sem patrocínios e o logo da Nike, para vendas ao torcedor.
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Sabia de toda a devoção por São Jorge no futebol? Qual das camisas já lançadas em referências ao santo você mais gostou? Deixe seu comentário e compartilhe o link nas redes sociais!