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Futebol e o mercado de apostas: como o esporte se beneficia com o segmento

Além de movimentar a paixão futebolística de milhões de torcedores ao redor do mundo, as apostas esportivas também contribuem ativamente para o crescimento do próprio esporte.

by Juliano Buzato
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O sonho de ser jogador de futebol é bastante comum no imaginário das crianças – e muitos adultos gostariam de ter trilhado o mesmo caminho. Felizmente, hoje há uma maneira de “participar” do esporte sem precisar entrar em campo, o que acontece por meio das apostas esportivas.

Só para ter uma base comparativa, de acordo com o estudo “Jogadores de futebol no Brasil: mercado, formação de atletas e escola”, que teve como base vários outros trabalhos acadêmicos, menos de 1% dos aspirantes à profissão de jogador de futebol realmente são aproveitados nas “peneiras” dos clubes.

Quando olhamos para o cenário das apostas esportivas no Brasil, por outro lado, vemos um percentual muito maior. De acordo com a Paraná Pesquisas, 14,5% dos brasileiros de 16 anos ou mais já fizeram apostas esportivas online. É fato que a experiência não é igual, mas essa “gamificação” não deixa de ser regada de emoção.

Porém, muito se engana quem pensa que apenas os apostadores e as casas de apostas saem ganhando.  Quando se fala neste segmento, o mercado estima movimentar R$ 12 bilhões no Brasil já em 2023, de acordo com dados da BNL Data.

O próprio futebol é muito beneficiado por todo esse movimento, com reflexos que já estão sendo vistos nos dias de hoje e tendem a ser ainda mais fortes no futuro, como veremos a seguir.

Aumento do engajamento dos torcedores

Atualmente, muito se fala sobre gamificação, justamente por seu potencial de maior engajamento. Isso reflete no cenário da educação, mas também acontece quando se pensa em apostas esportivas.

Prova disso é um levantamento da Variety Intelligence Platform, em conjunto com a CRG Global, que mostra o percentual de apostadores esportivos que assistem mais esportes que o usual quando estão apostando em um jogo. Falando de futebol, este percentual é de 37%, o que indica uma correlação.

Embora o número não pareça tão alto, isso pode ser reflexo do interesse da população dos Estados Unidos, alvo do estudo, por futebol, que naturalmente é menor. Prova disso é que ao observar o percentual de apostadores que assistem mais jogos de outros esportes, o impacto é ainda maior, como visto abaixo:

  • NFL (futebol americano): 67%
  • NBA (basquete): 57%
  • MLB (beisebol): 46%

Os números comprovam que, de fato, o engajamento dos torcedores aumenta. Issso também pode refletir indiretamente em outros indicativos, como aumento de audiência nas mídias sociais, aumento na venda de produtos licenciados das equipes e por aí vai – tudo isso é benéfico ao esporte.

Incremento nas receitas do futebol e no esporte

Há muito tempo que as casas de apostas esportivas patrocinam equipes de futebol. Em 2007, por exemplo, a camisa do Real Madrid, um dos maiores clubes de futebol do mundo (para muitos o maior), estampava a marca de uma casa de apostas esportivas

Mais de 15 anos se passaram e isso só aumentou. Olhando especificamente para o Brasil, tal movimento se intensificou a partir de 2018, quando as apostas esportivas passaram a ser legalizadas por meio da Lei nº 13.756/2018.

De acordo com um levantamento do UOL, das 20 equipes do Campeonato Brasileiro da Série A de 2023, 19 são patrocinadas por sites de apostas. Estima-se que isso corresponda a algo em torno de R$ 330 milhões.

As maiores arrecadações anuais são do Corinthians (R$ 35 milhões), Botafogo (R$ 27,5 milhões) e Cruzeiro (R$ 25 milhões), mas todos eles receberam um incremento significativo em suas receitas.

Para além dos clubes, as entidades esportivas também saem ganhando. A FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) fechou cotas de patrocínio com 3 sites de apostas esportivas, além de ter vendido os naming rights do Campeonato Carioca para outra empresa do mesmo segmento.

A FPF (Federação Paulista de Futebol), por sua vez, já havia comercializado os direitos oficiais de dados do Paulistão 2022. Isso aconteceu por meio sua parceira oficial de dados para empresas de apostas esportivas, o que mostra um movimento que já atinge diferentes estados.

Desenvolvimento de tecnologias e inovações

De acordo com o IBGE, há 242 milhões de smartphones no Brasil, número maior que a população do país. São 155,2 milhões de brasileiros, com 10 anos ou mais, com celulares para uso pessoal. Sabemos que a idade mínima para fazer apostas esportivas é de 18 anos, mas esses números mostram a penetração dos smartphones na população.

Para se conectarem melhor com seu público, as casas de apostas desenvolveram experiências bastante amigáveis para quem acessa seus conteúdos através de smartphones, seja com sites mobile bem estruturados ou com aplicativos móveis.

Isso, aliado ao grande volume de dados e estatísticas sobre partidas de futebol, que podem ser encontradas em poucos segundos na internet, permite que os apostadores tenham um enorme volume de informações à sua disposição. Esses dados podem ser encontrados facilmente, seja nos sites oficiais dos torneios ou em outros sites especializados.

O avanço tecnológico beneficia o segmento, munindo os apostadores de recursos valiosos na palma de suas mãos.

Regulamentação e segurança no mercado de apostas

A regulamentação do mercado de apostas é um assunto em voga em vários países, inclusive no Brasil, onde se encaminha para um desfecho que, ao que tudo indica, ocorrerá até o final de 2023, de acordo com a expectativa do Ministério da Fazenda.

Uma vez que a atividade estiver regulamentada por aqui, a tendência é de que haja ainda mais interesse nos investimentos, dadas as bases sobre as quais as operações já estarão consolidadas, com regras muito bem definidas.

A regulamentação também influencia diretamente na segurança deste mercado. Um dos pontos da possível regulamentação passa justamente pela criação de uma secretaria dentro do Ministério da Fazenda, para analisar os documentos das empresas que desejam se credenciar.

Com isso definido, todas as partes envolvidas tendem a ter mais segurança em sua operação, dos clientes às empresas de apostas e também ao governo brasileiro.

Em relação à segurança, cabe destacar também o que tange à lisura e integridade do esporte. Depois da Operação Penalidade Máxima, algumas casas de apostas se uniram para a criação do Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) para ajudar nas discussões e no desenvolvimento deste mercado no Brasil.

Outro ponto importante a ser mencionado é que esta operação, que investiga esquemas de apostas, não tem como alvo as casas de apostas em si, pois estas também são reféns do que se passa. O objetivo é evitar que novas tentativas de manipulação de resultados e esquemas do tipo voltem a acontecer.

Desenvolvimento do mercado de apostas anda de mãos dadas com o desenvolvimento do futebol

Como visto nos pontos debatidos anteriormente, o mercado de apostas esportivas beneficia de várias maneiras o futebol. Tendo neste esporte uma grande paixão do brasileiro e permitindo que ele se coloque de maneira mais integrada e interativa, o resultado encaminha-se para um crescimento conjunto.

O desfecho tende a ser um só: se futebol e apostas esportivas já caminhavam próximos, agora eles estarão mais conectados do que nunca, permitindo que apostadores, clubes, entidades e as empresas de apostas esportivas sejam beneficiadas.

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