A adição nos casino ou apostas desportivas é uma realidade antiga, que surge muito antes do aparecimento dos casinos e das casas desportivas online. Já, à época dos casinos terrestres e das apostas físicas em agentes autorizados, o Jogo Responsável era um tópico sobejamente abordado.
Não podemos excluir a hipótese do surgimento dos casinos online e das casas desportivas online terem potenciado esta questão. Considerando a praticidade, simplicidade e rapidez, no processo de registos em novos sites e consequente apostas, mais jogadores e apostadores estão expostos aos casinos online
Como afirma Vitoria Oliveira, especialista em apostas do casinoportugal.online, «não existe, à data, um estudo oficial sobre o número de jogadores com problemas. No entanto, os relatórios do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos apontam para um crescimento no número de jogadores autoexcluídos».
Também os jogadores de futebol, como qualquer outra pessoa, passaram a ter um acesso facilitado aos casino. O que, em alguns casos, se revela altamente prejudicial, incluindo a jogadores de seleção portuguesa de futebol, que não conseguem por em prática as políticas de Jogo Responsável e acabam por perder muito dinheiro nos casinos.
Os jogadores de futebol
Os jogadores famosos de futebol não estão alheios a esta realidade e muitos são os nomes de alguns jogadores de futebol que já perderam fortunas, por conta de apostas altamente viciantes, que acabaram por fazer com que perdessem muito dinheiro.
Destaca-se neste grupo o caso do antigo jogador Daniel Kenedy, que foi o único a admitir publicamente que perdeu quase tudo por causa das apostas e que afirmou inclusive «Escrevi uma carta que me proíbe de jogar. Perdi quase tudo no jogo. E quando não o temos, viramo-nos para outras pessoas. A certa altura, torna-se uma bola de neve. Para cumprir as responsabilidades que assumi perante estas pessoas.»
Mas o problema não passa apenas por este antigo jogador do Benfica, FC Porto e Marítimo. Nomes como Keith Gallespie, futebolista do Norte da Irlanda, Christian Vieri “El Toro”, jogador de futebol italiano, Paul Merson, ex-jogador do Arsenal e Giuseppe Meazza, jogador do Inter, são alguns dos nomes associados a jogadores de futebol que desbarataram as suas fortunas em apostas.
Paul Merson, ex-jogador de futebol inglês, que jogou no Arsenal, de 85 a 97, revelou numa entrevista ao programa de TV Good Morning Britain, que teve dificuldades em largar os casinos móveis, onde perdeu 7 milhões de libras.
Neymar, aventurou-se num site de casino e perdeu, em pouco tempo, 1 milhão de euros. Na live, o jogador brincou com os seus amigos sobre a situação e até fingiu estar chorando: «Quem puder mandar um Pix para pegar o Uber agora…», afirmou o jogador.
George Best, ídolo do Manchester United e da seleção Norte-Irlandesa, também se viu, no final da carreira, a mãos com um problema nos casinos online, que teve muita dificuldade em gerir. Outro jogador, este uma jovem promessa do futebol inglês, Lee Hendrie, deixou a sua carreira para segundo plano, por conta dos casinos.
Muitos outros nomes permanecem por revelar, pelo estigma da sociedade a esta problemática. Urge sublinhar e divulgar as políticas de Jogo Responsável, por forma a prevenir este tipo de situações, quer se trate de um jogador de futebol ou de qualquer outro cidadão.
Uma antevisão do jogo online em Portugal
Antes de citar alguns dos nomes e circunstâncias de jogadores famosos de futebol que perderam muito dinheiro nos casinos, importa conhecer a realidade em Portugal. São dados, da responsabilidade do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), que nos dão uma visão única do cenário atual em Portugal.
Tendo em conta o último relatório do SRIJ divulgado, referente à atividade em Portugal, no último trimestre de 2023, destacam-se os seguintes dados:
- A atividade de apostas online gerou 227,4 milhões de euros em Receita Bruta
- O Imposto Especial de Jogo Online (IEJO) foi de 81,4 milhões de euros
- Total de registo de jogadores: 4,1 milhões
- Jogadores autoexcluídos: 215,0 mil
- Jogadores registados: 1,1 milhões
- O valor das apostas foi de 3 840,3 milhões de euros
Estes números, tanto o valor das apostas, como o volume da receita, são bastante expressivos da dimensão da atividade online em Portugal e do quanto esta representa para a economia portuguesa, nomeadamente para os cofres do Estado, com um IEJO superior a 81 milhões de euros.
Por outro lado, o número de jogadores autoexcluídos é preocupante. Claro que não significa que todos os jogadores se auto excluam por dependência, mas este é o principal motivo de uma exclusão.
Como afirma o Dr. Pedro Hubert, responsável pelo um estudo do Instituto de apoio ao Jogador(IAJ), «Parece-nos importante haver uma maior sensibilização para o que é o vício do jogo, como se apresenta e o que acarreta. Só através de uma maior consciencialização e educação da população é que estaremos aptos a identificar sinais de alerta e combater eventuais adições.»