Quando se fala em fornecedora de material esportivo italiano, tenho certeza que logo vem à sua mente os seguintes nomes: Kappa, Diadora, Lotto, Macron, Givova. Mas, e se eu te falar que nos 80 existia uma marca pioneira, que inspirou muito do que vemos hoje na “Terra da Bota”? No TBT de hoje, falaremos sobre a Ennerre (NR), marca responsável por alguns dos mantos mais emblemáticos de todos os tempos. Confira abaixo!
Os anos 80 marcaram o apogeu do futebol italiano, com grandes esquadrões, formados por verdadeiros craques de todas as partes do mundo. Foi a época de Maradona, Careca e Alemão no Napoli, Rijkaard, Gullit e Van Basten no Milan, Brehme, Matthäus e Klinsmann na Inter, Zico na Udinese, Falcão se tornando o “Rei de Roma”, entre outros.
E muitas dessas equipes citadas, entre outras, foram vestidas pela NR, uma empresa fundada por um ex-jogador de futebol que tinha como mantra se diferenciar de outras equipes não somente pela cor da camisa, mas pela personalidade.
Início da Ennerre (NR)
Esse ex-jogador é Nicola Raccuglia, que teve passagens por Pescara, Arezzo, Vicenza e Ascoli, sem muito sucesso, e como vocês podem imaginar, suas iniciais deram nome à marca, em 1972. A parte curiosa é que as primeiras peças da marca foram fabricadas num convento de freiras, com quatro irmãs dando forma às ideias de Raccuglia.
As primeiras equipes a vestirem NR foram o Pescara e a Lazio, com uniformes que chamaram a atenção pelo tecido diferenciado (uma mistura de lã com algodão), os números bordados, a gol V e as cores vivas. Logo depois a FIGC (Federazione Italiana Giuoco Calcio) fez as primeiras encomendas para os trios de arbitragem.
Apogeu
Depois deste começo promissor, a NR começou o processo de expansão. Em pouco tempo, a equipe de funcionários, que antes era composta por Nicola e quatro irmãs, passou a ser composta por 200 funcionários, chegando a abastecer 700 lojas da Itália e partindo para a Holanda, com os irmãos Cruyff.
A marca NR fazia cada vez mais sucesso, agora, não apenas pela beleza de seus mantos, mas também pelos resultados dentro de campo, tendo como principal representante a Roma, campeã da Copa da Itália e da Serie A, em 1983, com um uniforme histórico.
No entanto, o manto mais lembrado nesta época era o da arquirrival Lazio. Em 1982, a equipe a capital italiana voltava da Serie B e havia acabado de trocar a Adidas pela marca de Pescara para o fornecimento de seus uniformes. Foi aí que Raccuglia teve a ideia de revolucionar o manto biancocelesti, trocando o azul claro liso para um modelo com o peito branco, o azul na parte de baixo e a figura de uma águia no centro, abraçando o jogador, em azul marinho. Sim, estamos falando da “maglia bandiera”, um marco naquele ano, resgatada pela equipe nas últimas temporadas.
No ano seguinte, o ápice. A NR forneceu os uniformes da então tricampeã do mundo, Itália, por sete jogos. O único problema, no entanto, era que nenhuma marca podia expôr seu logo nas camisas da Azzurra e, por isso, pouca gente se lembra dessa parceria.
Neste meio tempo, outras grandes equipes vestiram NR, como o Milan, a Sampdoria, de Toninho Cerezo e Roberto Mancini, e a Fiorentina, de Sócrates.
Napoli de Maradona
Se a “maglia bandiera” da Lazio é – talvez – a camisa da NR mais lembrada pelo design, as camisas do Napoli com certeza são as mais lembradas pelas conquistas que marcaram época.
Com um time que possuía em seu elenco ninguém menos que Maradona, além dos brasileiros Careca e Alemão, a equipe conquistou duas Serie A, uma Copa da Itália, uma Supercopa da Itália e uma Copa da UEFA, todas com a marca NR no peito e os famosos patrocinadores Mars e Buitoni. E não é difícil encontrar modelos retrôs baseados nessas camisas, na verdade, é bem fácil, e muita gente acaba adquirindo, pelo que ele representa e pela beleza também.
Mas não foram apenas os uniformes da NR que fizeram sucesso com os napolitanos. Um outro episódio também é muito lembrado quando se fala daqueles ano. Maradona era – e ainda é – patrocinado pela PUMA e, por isso, a equipe utilizava bolas da marca alemã em seus jogos (não existia bola oficial da liga ainda). Porém, o argentino experimentou algumas bolas da NR e gostou, pedindo, logo em seguida, para que o clube passasse a utilizá-las. Assim, o Napoli comprou 50 unidades.
Marca internacional
Bom, só falamos da NR dentro da Itália até o momento, mas a verdade é que ela também apareceu em outros cantos do mundo. A primeira equipe fora do país natal a vestir Ennerre foi o New York Cosmos, quando o italiano Giorgio Chinaglia, amigo pessoal de Nicola Raccuglia, atuou por lá, no final dos anos 70.
Anos depois, a NR foi parar no Japão, quando uma fábrica licenciou a marca no país, e forneceu uniformes para algumas equipes, entre ela o Kashima Antlers, de Zico.
A empresa também vestiu as seleções da Costa do Marfim e de Togo, o Dinamo Bucareste e o Partizan, mas com outro nome: N2, uma marca secundária fundada por Raccuglia. Inclusive, voltando rapidamente para a Itália, esta marca vestiu Atalanta, Fiorentina, Palermo, Pescara, Ternana e Foggia.
A Seleção do Uruguai também vestiu NR, em 1995, quando foi campeã da Copa América, mas a marca era novamente licenciada pelos japoneses e não a original, de Pescara.
A última aparição da Ennerre no futebol foi em 2011, quando vestiu por um semestre o Tokyo Verdy, na J-League, mas novamente em sua versão licenciada japonesa.
A Ennerre (NR) nos dias atuais
A Ennerre não está mais no futebol, mas ainda existe e é comandada por Nicola Raccuglia e seu filho, após um período com outros donos.
O carro chefe da marca atualmente é o streetwear, combinando a elegância italiana com a estética do design minimalista e o gosto da cultura de rua, caracterizando aspectos da moda japonesa.
Porém, é claro o desejo dos Raccuglia de voltar ao futebol. Uma promessa antiga é a criação de uma coleção retrô, com alguns dos principais modelos feitos pela marca ao longo dos anos.
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