Nike e Seleção Brasileira possuem uma das parceria mais longevas, já são 22 anos de existência. Mas, o que pouca gente sabe é que ela poderia ser ainda maior e com uma camisa bem “diferentona” no histórico.
No #TBT de hoje, vamos contar essa história e mostrar como seria o primeiro manto do Brasil criado pela marca americana, que foi desenhado mas não saiu do papel.
Como sabemos, a parceria entre o Swoosh e a amarelinha foi fechada oficialmente em 1996, após o término do contrato com a Umbro. Porém, a empresa já vinha sondando a CBF desde antes.
Após a Copa de 1994, a Nike resolveu investir pra valer no futebol, naquele momento, a marca já fornecia os materiais de grandes equipes, como PSG, Arsenal e Borussia Dortmund. O plano agora era partir para as seleções e a primeira foi a Nigéria, que havia feito bonito no Mundial dos Estados Unidos. Em seguida, a marca foi ousada e partiu pra cima da Itália e do Brasil, finalistas daquela edição.
Com os italianos foi tudo bem e logo após o torneio, a Azzurra já passou a ser vestida pela empresa, porém, sem o Swoosh no peito, já que naquela época a FIGC proibia qualquer tipo de propaganda no manto da seleção.
Com o Brasil é que as coisas demoraram um pouco a acontecer. A Nike negociou e queria assumir os mantos canarinhos já após o tetracampeonato, mas aparentemente a CBF preferiu manter o contrato com a Umbro – que vestiu os brasileiros na conquista – até o final, em 1996, e inclusive ganhou duas novas camisas, com quatro estrelas e quatro logos da CBF em marca d’água, em alusão aos quatro títulos mundiais.
A camisa Nike que nunca existiu!
Enfim, depois de contextualizado, vamos falar da camisa que nunca saiu do papel. Recentemente, foi divulgada uma imagem que trazia o modelo, ainda em fase de mock-up. Em um primeiro momento, alguns perfis disseram que o manto teria sido rejeitado pela CBF, mas a real história é de que ele só não saiu do papel porque a empresa não conseguiu o contrato com o Brasil naquela época.
Acontece que o responsável pela divulgação foi o próprio desenhista, Drake Ramberg, designer da Nike de 1990 a 1996, que teve o desafio de criar o que seria o primeiro uniforme Nike da Seleção Brasileira. Fomos atrás dele para entender melhor o episódio e Ramberg prontamente respondeu:
“Essa era a proposta oficial, acredito que a Nike entrou em negociação com o Brasil pós Copa, mas as conversas não andaram, por isso, esse mock-up é o único registro”, explicou Ramberg.
Nas fotos e na postagem acima, podemos ver que o manto brasileiro teria o mesmo estilo que foi usado na Itália no mesmo ano, trazendo o tradicional amarelo canarinho com as Armas Nacionais do Brasil em marca d’água no corpo todo. A gola trazia o formato que vinha sendo utilizado pela marca na época (relembrada na terceira camisa do Chelsea), na cor verde, com estrelas brancas e contorno amarelo, mesmo parão dos punhos. O logo Futura da Nike era bordado em branco, dentro de um detalhe na gola, com fundo azul, enquanto o logo da CBF era disposto no lado esquerdo do peito, ainda com três estrelas.
O calção também chama muito a atenção pois trazia um pattern com estrelas e o nome Brasil, também em marca d’água, por toda sua extensão. A proposta ainda trazia meiões amarelos, ao invés de brancos, com o logo Futura em verde e detalhes em azul.
O acerto entre a Nike e a CBF ocorreu dois anos mais tarde, em 1996, e a primeira camisa foi lançada em 1997, no entanto, Drake não era mais o responsável pela criação dos uniformes da marca, não tendo participado da criação do primeiro kit oficialmente lançado para a seleção canarinho.
Sobre Drake Ramberg
Sabe as tão faladas camisas da Nike dos anos 90, que já renderam até uma matéria especial por aqui? Pois bem, boa parte delas são obras de Ramberg.
O designer americano deu uma entrevista bem interessante para a Classic Football Shirts, na qual contou um pouco de sua história e suas criações. “Eu cresci em Portland e amava arte e esportes, e a Nike estava na minha cidade natal. Consegui um emprego como designer gráfico em 1987 e logo eles me designaram para trabalhar em algumas coleções de treinamento de futebol Nike Premier. Em 1990, fui transferido para a Europa como um ex-pat para montar o estúdio de design e trabalhar nos clubes que assinamos. Eu cresci jogando futebol e assistindo o Portland Timbers na NASL, mas não tinha exposição às equipes europeias. O único futebol europeu na TV americana naquela época era um jogo semanal de futebol alemão na televisão pública nas manhãs de sábado!”
Quando perguntado sobre a liberdade que tinha em relação às criações, Ramberg disse que naquela época, a criatividade do designer era mais levada em conta. “Olhando para trás, parece que tínhamos muita liberdade, especialmente quando você olha para todos os kits das décadas de 80 e 90. Parece que os designers não tinham grades de proteção e foram incentivados a ultrapassar os limites de impressões, padrões e cores. Mas é claro que você ainda tinha que trabalhar com os presidentes e diretores de cada clube e, como americano vindo de uma empresa americana, tenho certeza de que havia alguma suspeita de que ‘não recebíamos futebol’ Os kits eram (e ainda são) um negócio tão grande, desde que estivéssemos superando o kit da temporada anterior, estávamos bem. A ênfase estava claramente no design de uma camisa que o fã gostaria de usar no terraço, no pub ou até na igreja”.
E para quem gosta de saber mais sobre mantos antigos, principalmente sobre os da Nike, o designer costuma postar bastante coisa interessante em seu instagram, contando histórias e comentando sobre modelos históricos. Vale dar uma conferida, clicando aqui.
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