Praticamente todo amante de futebol sabe da história das camisas titulares da seleção brasileira, de como o primeiro modelo era branco e que, após o Maracanazzo, essa camisa foi abolida, por ser considerada azarada. Também sabem da origem da camisa canarinho, em 1954, como resultado de um concurso. Mas, e a camisa azul? Como surgiu? Fomos atrás da história do manto reserva brasileiro e trazemos a você, leitor do MDF, algumas versões. Confira abaixo:
Primeira camisa azul
Ao contrário do que muita gente acha, não foi na final da Copa do Mundo de 1958 que o Brasil vestiu azul pela primeira vez. De acordo com o livro “A história das camisas de todos os jogos das Copas do Mundo”, de Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, que traz uma sessão especial só com as camisas brasileiras, a primeira camisa azul utilizada pela seleção brasileira foi uma do Boca Juniors, em 3 de janeiro de 1937, num jogo contra o Chile pelo Sul-Americano.
Naquela época, não era comum o uniforme reserva e, por isso, muitas vezes se utilizavam camisas emprestadas para se evitar o kit clash, como foi no caso acima. Anteriormente, o Brasil já havia vestido com camisas vermelhas, emprestadas pelo Independiente e camisas do Peñarol, em homenagem à Roberto Cherry.
A primeira camisa azul em copas veio em 1938, na França, logo na estreia, contra a Polônia, que também vestia branco. Na ocasião, foram pegas camisas azuis emprestadas, provavelmente de alguma equipe de Estrasburgo (Racing talvez), onde foi disputada a partida. Elas tinham uma tonalidade mais clara da cor do que a do calção e foi utilizada sem qualquer escudo, por falta de tempo hábil para costura. Segundo o livro, o Brasil teria utilizado camisas azuis novamente em 1939 e entre 1949 e 1957, mas não cita jogos nem datas específicas.
1958: Primeira camisa azul oficial
A primeira camisa azul “própria” da Seleção Brasileira é realmente a de 1958. A versão mais difundida e aceita é a de que o Brasil não havia levado uniformes reservas para a Suécia, pois somente a equipe da casa utilizava camisas amarelas, sem contar numa “regra” de que em caso de kit clash, a equipe mandante deveria utilizar uma camisa diferente pois era mais fácil para os suecos trocarem, por exemplo.
Segundo é dito, isso deveria ter sido aplicado na final, mas os suecos foram enfáticos ao dizer que não trocariam a cor da camisa. Foi feito um sorteio e ficou decidido que o Brasil teria que entrar com um manto diferente.
Curiosamente, nas Copas de 1934 e 1938, o uniforme titular sueco tinha a camisa azul e calção amarelo. No jogo contra o Brasil, válido pelo 3º lugar em 1938, os europeus utilizaram esta combinação, enquanto nossa seleção foi de branco e calção azul. A Suécia passou a utilizar a combinação atual, com camisa amarela e calção azul, a partir de 1950.
Voltando ao ano de 1958, é dito que a volta da camisa branca foi levada em consideração, mas logo descartada, pois o chefe da delegação, Paulo Machado de Carvalho (sim, o mesmo que dá nome ao estádio do Pacaembu) era muito supersticioso, assim como alguns atletas e o treinador Vicente Feola, e não queria jogar com camisas “azaradas”. Por isso, ele enviou Mário Américo e Francisco de Assis para arranjar camisas novas na cor azul.
Inspiração em Nossa Senhora Aparecida
E é aí que começam as divergências. Como dito acima, Paulo era supersticioso, mas também religioso, e devoto de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil entre os católicos. O azul teria vindo do manto utilizado para vestir a imagem encontrada no rio Paraíba do Sul, em 1717. Paulo Machado teria então dito a todos da delegação que a seleção estava abençoada pela padroeira e venceria aquela final. O Brasil então entrou em campo com camisas azuis, o logo da CBD e a numeração amarela, retirados dos mantos amarelos, juntamente de calção e meiões brancos, para enfrentar a Suécia. O resto é história.
Mas, por que divergências, Mantos? Acontece que muita gente questiona a escolha da cor azul por ser o manto de Nossa Senhora. O que muita gente defende é que a cor azul já era definida como a segunda da seleção, até pelo fato de já ter sido utilizada anteriormente, e que a inspiração no manto de Nossa Senhora Aparecia seria mais um “storytelling” do próprio Paulo Machado de Carvalho para incentivar e encorajar os jogadores, que estavam preocupados com a troca, além de que muitos eram devotos da santa. Mário Jorge Lobo Zagallo, autor de um dos gols na final, dá isso a entender em uma entrevista ao Bom Dia Brasil, ainda em 2010. “Falaram que era o manto de Nossa Senhora, para quebrar aquela coisa de azar com a cor da camisa. Foi azul porque a Suécia jogava com camisa amarela. A camisa foi feita lá. Apenas o bordado foi tirado e colocado de improviso. Acabou sendo uma alegria para nós”.
Independentemente do motivo, ou da história, o Brasil conquistou o primeiro dos seus cinco mundiais de azul e a partir daí o manto se tornou oficialmente o reserva da Seleção Brasileira.
Versão do criador da camisa canarinho
Mas, se tem alguém como autoridade para falar algo dos uniformes da seleção é Aldyr Garcia Schlee (1934-2018), jornalista, escritor, professor universitário e criador da camisa canarinho a Seleção Brasileira. E o mesmo tem uma versão bem diferente.
Em entrevista ao jornal “O Tempo”, em 2014, ele garante que o manto azul já existia há algum tempo e também era obra sua. “Aquela tolice que foi inventada, que o Paulo Machado de Carvalho teve de comprar correndo o novo uniforme. Brasil foi pra Copa e levou o uniforme dois, com certeza. A pessoa mais interessada era eu. Era a chance que o Brasil tinha de ganhar a Copa e usando o uniforme que desenhei. Estava atento sobre aquilo”.
Aldyr também afirma que o modelo com gola pólo foi sugerido por ele. “A camisa azul estava sugerida, junto da camisa canarinho. Não tinha o desenho, mas escrevi a sugestão de um segundo uniforme azul. Assim como desenhei a gola pólo e fiz sugestão da gola olímpica, como era a seleção de 1970. Então, a camisa azul foi levada para Suécia. A mentira é grotesca e se desmente facilmente. Primeiro, nenhuma seleção tem apenas um uniforme, não vão para a Copa apenas um jogo de camisa. Segundo, é que inventaram que foi comprada num domingo de manhã, pelo massagista. E como daria tempo de costurar tudo? De onde saiu que estava tão direitinho, os números, o escudo? Quero desmentir isso”.
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