Populares nas camisas de futebol, as apostas também estão em alta entre os brasileiros, que preferem reservar um dinheiro para “investir” em bets, ao invés de aplicar seu dinheiro na Bolsa de Valores. Isto é o que diz o levantamento do Investidor Brasileiro, feito pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades de Mercado).
A pesquisa afirma que ao menos 14% da população, que representa aproximadamente 22 milhões de pessoas, fizeram pelo menos uma aposta online no ano de 2023. O percentual é muito maior do que o número de pessoas que investem na Bolsa de Valores, cerca de 2%. A popularidade das apostas é tão alta, que o único investimento que ainda é “maior” do que as bets é a poupança, que é usada por 25% dos brasileiro.
As apostas esportivas junto aos cassinos e BC Game, são considerados jogos de azar, e juntos tem movimentado cerca de R$ 150 bilhões por ano, até por isso o Governo Federal já se mobilizou para aprovar a taxação do setor. Para as empresas de apostas ou operadoras, será aplicada uma taxa de 12% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), ou seja, o valor total das apostas deduzido dos prêmios pagos; e para o apostador ou a pessoa física, será aplicada uma taxa de 15% sobre todas as apostas que foram ganhas, sendo que prêmios de até R$ 2.112 estarão isentos de impostos.
Um dado em específico chama a atenção, no levantamento feito pela Anbima, o fato de cerca de 22% dos entrevistados que dizem já ter feito apostas, consideram as mesmas como um investimento.
No entanto, segundo Marcelo Billi, Head de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, o conceito de investimento do público é bem amplo, logo não é possível garantir que todos tenham a mesma percepção.
“O conceito de investimento do público é bem amplo. Tem gente que acha que fazer um procedimento estético, pagar um curso ou comprar um terno seja um investimento. De modo geral, as pessoas acham que tudo que pode dar um retorno emocional ou de curto/médio prazo seja investimento. Se a pessoa acha que aquilo pode dar um retorno, ela chama de investimento. É neste aspecto”, explica o executivo.
Além disso, 40% dos entrevistados, afirmam que as apostas esportivas são uma forma de ganhar um dinheiro rápido em momentos de necessidade.
Apostas se tornaram um concorrente dos investimentos financeiros
Segundo a definição técnica, investimento é uma aplicação em dinheiro que se espera uma valorização em um futuro determinado. Logo, bens e serviços não se aplicam, pois são um gasto, ainda que tragam um retorno. No entanto, a pesquisa revelou que as apostas acabam se tornando concorrentes dos produtos de investimento, já que competem pelo mesmo dinheiro. Com isso, as instituições necessitam se adaptar à esse novo cenário e aprender com essas plataformas.
“Primeiro, tem uma familiaridade. Eles lidam com esportes, como futebol, que as pessoas gostam muito; e no mundo das finanças a gente não consegue copiar. Agora, da nossa parte, temos que diminuir a complexidade. Escolher onde investir é algo complexo e temos de tornar essa tarefa menos hostil com uma melhor arquitetura de escolha para os clientes. Além disso, o cadastro é rápido e eles [sites de apostas esportivas] usam gráficos e tabelas, quase como se fossem um terminal de investimento”, completa Billi.
A pesquisa também trouxe um raio-X desde público apostador, revelando que a maioria está nas classes A, B e C, sendo que 63% são homens, a maioria pertencente à geração Z (nascida entre 1997 e 2010), seguida pelos millenials (1981 a 1996).
“São majoritariamente homens e, por serem mais jovens, têm grande familiaridade com plataformas digitais. Além disso, existe um gosto por adrenalina”, finaliza Marcelo Billi.