O mundo do futebol está de luto. Carlos Alberto Torres, o Capita, faleceu neste dia 25 de outubro de 2016 aos 72 anos, vítima de enfarte fulminante, pegando todos de surpresa, e que surpresa triste…
Nascido no Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1944, Carlos Alberto viveu o futebol durante toda sua vida. Foi jogador, treinador, comentarista e principalmente amante desse esporte capaz de nos trazer as emoções mais profundas como a que vivemos hoje, da perda de um grande ídolo.
Ganhou o apelido de Capita por sua liderança, personalidade forte e por sempre vestir a camisa das equipes em que atuou com respeito e dedicação.
É a primeira pessoa que vem à cabeça quando se fala a palavra “capitão”, algo que ele fazia com extrema maestria e facilidade, como se fizesse parte de seu ser. E as imagens eternizadas do ídolo são justamente nos momentos de maior alegria, como o levantamento da taça Jules Rimet em 1970.
E ele fez esse gesto por quase todas as equipes que passou. Não foram muitas, mas ele deixou em cada uma seu legado.
1963-1964: Fluminense (O início)
Foi o primeiro clube do Capita. Ele foi revelado como grande esperança da lateral direita da equipe em 1963 e atuou por lá por dois anos. Conquistou o título carioca em 1964.
1965-1974: Santos (O melhor time de todos os tempos?)
Carlos Alberto chegou ao peixe em 1965, no auge da equipe comandada por Pelé em campo e Lula no banco e que já era bi-campeã do mundo (1962 e 1963).
Logo assumiu a titularidade do lugar de Lima e posteriormente se tornou capitão. Muitos dizem que até mesmo Pelé abaixava a cabeça para ouvir as orientações e broncas do Capita.
Fez parte do chamado “Melhor time de todos os tempos”, cuja escalação muitos sabem de cór: Gilmar; Carlos Alberto, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Dorval; Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Posteriormente atuaram nesse esquadrão nomes como Clodoaldo, Toninho Guerreiro e Edu.
Pelo Santos foi pentacampeão paulista em 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973, ano em que conquistou seu último título pelo time da Vila Belmiro, campeão da Recopa Sulamericana em 1968, bicampeão da Taça Brasil, em 1965 e 1968, tendo levantado o troféu em vários destes títulos.
1971: Botafogo (3 meses de liderança)
Carlos Alberto apenas três meses no Fogão, tendo disputado 22 partidas. Não conquistou títulos, mas se tornou ídolo e destaque da equipe.
1974-1977: Fluminense (O retorno do agora zagueiro)
Em 1974, já ídolo de Santos e Botafogo e tricampeão do mundo, Carlos Alberto voltou ao seu time de origem, o Fluminense, onde atuou com outro tricampeão: Rivellino.
No tricolor, o Capita se tornou zagueiro, pois já não tinha a mesma facilidade para chegar ao ataque. E foi ídolo mais uma vez, se transformando no xerife da “Máquina Tricolor” e um grande defensor.
Pelo Flu, Carlos Alberto conquistou mais dois títulos cariocas, em 1975 e 1976, conquistou a Taça Guanabara em 1975, mesmo ano em que conquistou o Torneio de Paris. Em 1976 também conquistou o Torneio de Viña del Mar, no Chile.
1977: Flamengo (Os primeiros passos de Zico)
Em 1977, Carlos Alberto se transferiu para o arquirrival do Fluminense, o Flamengo, onde ficou por apenas uma temporada. Não conquistou títulos, mas pôde atuar ao lado de outra lenda do futebol mundial: Zico, que dava seus primeiros passos no futebol profissional, antes da “Era de Ouro” flamenguista nos anos 80.
Ou seja, Carlos Alberto foi um dos pouco que teve a chance de atuar ao lado de Pelé e Zico, que responsa, hein?
1977-1980 e 1982: New York Cosmos (Dream Team)
Carlos Alberto decidiu aderir à ação ousada do New York Cosmos e se juntou ao time em 1977, onde atuou com várias lendas, como Pelé, Beckenbauer, Neeskens, Van der Elst e Chinaglia, entre outros.
Por lá, participou do chamado “Dream Team” e conquistou a NASL Exterior Championships em 1977, 1978, 1980 e 1982, Conferência Leste (Nacional): 1978, 1979, 1980 e 1982 e a Copa Transatlântica em 1980, atuando contra o Fort Lauderdale Striekrs de George Best e os Los Angeles Aztecs, de Johan Cruyff.
Foi um período de muito investimento do futebol estadunidense, pouco antes da criação da MLS.
Carlos Alberto também atuou pelo California Surf em 1981, mas depois voltou ao Cosmos.
1958-1970: Seleção Brasileira (O maior capitão de todos)
Foi pela seleção que o mundo conheceu o Capita. Ele já disputava competições oficiais com a amarelinha desde as categorias de base e foi campeão pan-americano em 1963.
Ficou de fora da Copa de 1966 na Inglaterra, mas quatro anos depois fez parte da considerada maior seleção de todos os tempos.
A Seleção Brasileira de 1970 é outra equipe que quase todo mundo sabe de cór a escalação: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Rivelino, Pelé, Tostão e Jairzinho, com Zagallo no banco.
E essa seleção encantou o mundo na Copa do México ao vencer todas as 6 partidas, demonstrando um futebol lindo, vistoso, diria até espetacular.
A seleção conseguiu reunir cinco camisas 10 em sua escalação. Pelé era considerado velho para a época, com seus 30 anos, mas só não fez chover, Jairzinho foi o furacão da Copa, marcando gol em todas as partidas, Tostão se mostrou um excelente camisa 9, Rivelino mostrou ao mundo a “patada atômica” e Gérson desfilou toda sua categoria.
Mas foi Carlos Alberto que ficou marcado em dois dos quatro grandes momentos daquela Copa. Se muita gente lembra de Pelé socando o ar na partida contra a Tchecoeslováquia e de Beckenbauer atuando com uma tala e o ombro deslocado contra a Itália, não podemos negar que as duas grandes imagens do México são o gol do Capita contra a Itália e o levantamento da taça, minutos depois.
O gol marcado contra a Itália, que selou a vitória por 4×1 e o tricampeonato mundial, é até hoje considerado um dos gols mais bonitos de todos os tempos, e o mais perfeito da história, por toda a jogada, passando de pé em pé até a finalização.
Confira logo abaixo, com a narração de Jorge Curi, da rádio Nacional:
Carlos Alberto Torres ainda foi treinador e conquistou o Campeonato Brasileiro de 1983 comandando o Flamengo, o Campeonato Carioca de 1984, no comando do Fluminense e a Copa Conmebol de 1993, à frente do Botafogo.
O Capita foi eleito pela FIFA como o maior lateral direito da história e faz parte da “Seleção Sulamericana de todos os tempos”, mas como zagueiro, escolhida por cronistas esportivos.
Recentemente, ele era comentarista do SporTV. Sua última aparição foi no programa “Troca de Passes” do último domingo, dia 23 de outubro.
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